quarta-feira, 29 de abril de 2020

Alma em Duas Rodas


Depois de um longo inverno resolvi escrever sobre um sentimento que me perturba há tempos, sempre que leio algo relacionado ao mundo duas rodas percebo uma separação grande que fazem hoje sobre os indivíduos que as pilotam, atualmente separam motociclistas de motoqueiros, ainda com seus sub-grupos, fazendo distinções que na minha opinião são errôneas, tanto por filosofia quanto por observação. Posto isto tomo a liberdade de expressar a minha opinião e demonstrar a separação que julgo mais realista, contudo isso é somente a opinião pessoal de um cara que adora a vida sobre duas rodas, tanto na sua condução quanto na comunidade que a cerca.
Quebrando regras e paradigmas, tenho em minha mente e alma que podemos separar sim os indivíduos que conduzem uma motocicleta em 3 tipos básicos:
Motociclista
Motoboy
Motoqueiro
E explico essa separação:
Motociclista:
Indivíduo que gosta de liberdade e enxerga a sua motocicleta como uma válvula de escape do mundo cotidiano, ele sabe que vai ter facilidade em conhecer pessoas interessantes, ora ou outra irá viajar para locais legais e na companhia de outros que pensam iguais a ele, mas principalmente, e isso é importante para ele, ganha um brasão que o tira do lugar comum. O interessante dessa “figura” é que seus dias de semana são extremamente tradicionais e ele até sente um certo desconforto em experimentar coisas novas e abusadas. Falando de sua motocicleta, quanto mais limpa, cheia de acessórios estéticos e nova, melhor. Se pudesse colocaria ela no meio da sala como um bibelot, mas seria muito abusado e o conflito com sua esposa não valeria a pena.
Motoboy
Indivíduo que utiliza sua motocicleta como instrumento de trabalho, seja profissional ou simplesmente para evitar as filas e apertos nos transportes públicos. Quando se apresenta um motoclube ou algo similar ele “dá de cara” e torce o nariz, acredita fielmente que são um bando de velhos bobos e cheio de grana que utilizam das motos somente para pegar menininhas. Suas motocicletas geralmente estão sujas, amassadas e se procurar encontra um pedaço de fio amarrando alguma coisa em alguma coisa, o maior exagero que ele pratica com sua moto é fazer um bate e volta até a praia no final de semana, claro que de short e camiseta, e, no corredor dos carros, é óbvio. Quando reunidos as conversas giram em torno dos acidentes sofridos, mostrando suas cicatrizes que eles cultivam como tatuagens de guerra. Se pudesse guardaria sua moto na sua garagem, mas ela fica no vizinho por ter mais espaço.
Motoqueiro
Agora sim, vem a grande discórdia, para mim o motoqueiro é o indivíduo com o verdadeiro espírito em duas rodas, não tirando o mérito dos outros grupos, esse cara respira liberdade, normalmente o hodômetro de sua motocicleta marca mais quilometragens do que de seu carro, por sinal objeto que utiliza por pura obrigação. Ele cuida de sua moto conforme manda o manual, os acessórios que você encontra em sua moto são puramente de segurança, performance ou conforto, nada de papagaios pendurados. Ele é um formador de opinião e seus seguidores são normalmente formados por alguns motoqueiros e vários motociclistas, que o seguem, ouvem seus conselhos e “babam” em suas histórias de viagens e aventuras. Esse indivíduo corta a 66 toda a vez que vai para a estrada, pois ele leva consigo o espírito aventureiro dos primeiros motoqueiros da década de 50 e 60. Dificilmente você o encontrará com sua moto estacionada na frente de um bar ou restaurante dentro de sua cidade, para ligar sua moto tem que rodar pelo menos dois tanques. Para terminar, ele guarda a moto onde ele quiser, e se alguém da família reclamar sabe que será despejado de seu quarto.
Que venham as críticas e comentários, mas faz tempo que vejo a expressão das pessoas torcendo o nariz cada vez que me apresento como um motoqueiro...

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