quarta-feira, 29 de abril de 2020

Assim tudo começou ...


Certamente nunca saberei a verdadeira história, assim como ela realmente aconteceu, provavelmente nem meus pais se lembrem com exatidão, então o que sei são fragmentos de conversas ouvidas aqui e acolá, e que fui remendando para tentar conhecer minha origem. A única coisa que ficou claro para mim é que não tenho a menor ideia do porque se juntaram, sendo tão diferentes, ou tão iguais. O que vale é só pontuar que já nasci em uma família de pais separados.
Por conta dessa situação que vocês perceberão que todas as histórias de infância são relacionadas ao meu relacionamento com minha mãe e sua família, afinal assim fui criado e na verdade nem sei os nomes de meus avós paternos.
Então, resumindo, filho único, pais separados, caipira morando na capital e falando o “erre” cantado, gordinho, tinha duas opções, ou terapia e amargura ou passar por cima com alegria e inteligência. Nunca fui ao terapeuta, resolvi fazer desse limão uma limonada, e por falar em limões...
...Nascido em Bauru – interior paulista – criado na capital e estudando em colégio de padres, meu início de vida foi calmo e tranquilo. A personalidade forte e a vontade de “voar” estavam apenas sendo alimentadas nesta fase, porem davam sinais claros de libertação.
A manifestação inicial ocorreu nos faróis paulistas, onde, por volta dos sete anos e motivado pela ociosidade, curiosidade e ganância, fui vender limões nos faróis. Comprava do atravessador, enchia aquelas velhas redinhas amarelas – a mesma que colocávamos na cabeça, identificando nossa tribo – e ofertava aos motoristas presos nos pequenos congestionamentos da época. Ganhava quase nada, me divertia muito e fiz amizades poucas, contudo aprendi rapidamente o respeito que os outros merecem, principalmente os gigantes e armados.
Esse episódio durou pouco, meu total falta de discernimento fez com que eu atuasse nas redondezas de casa, assim fui facilmente descoberto quando minha mãe parou num desses faróis e foi abordada pelo filho com suas pérolas verdes. Barraco na esquina e castigo longo.

Ainda tentei voltar ao farol, vendendo os quadros do Gato de Botas que ganhei de algum parente de mau gosto, mas decidi parar por aí.

Assim tudo começou ...

Obrigado por chegar até aqui e boa leitura.

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